sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Literatura Grega

O site pertence ao Dr. Wilson Alves Ribeiro Jr.
Médico, Mestre em Letras Clássicas pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (2006). Doutorando (2007- ) da mesma instituição. Pesquisador independente. Membro do Grupo de Pesquisa "Estudos sobre o Teatro Antigo" da USP.

SBEC
Atividades junto à Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos:

•Coorinfeu (coordenador de informações), 2003- ;
•Secretário Regional (antiga SE2), 2000-2003;
•co-Editor da revista CLASSICA, 2004-2010;
•Secretário Geral, 2006-2007 e 2008-2009;
•Tesoureiro, 2010-2011.
Linhas de pesquisa
Língua e literatura grega, teatro grego, Eurípides, mitologia grega, medicina antiga e Hipócrates.

CVRRICVLVM VITAE
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LÍNGUA - CONCEITOS BÁSICOS

Prof. Pasquale Cipro Neto

Na origem de toda a atividade comunicativa do ser humano, está a linguagem, que é a capacidade de se comunicar por meio de uma língua. Língua é um sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma mesma comunidade. Em outras palavras: um grupo social convenciona e utiliza um conjunto organizado de elementos representativos.

Um signo lingúístico é um elemento representativo que apresenta dois aspectos: um significante e um significado, unidos num todo indissolúvel. Ao ouvir a palavra árvore, você reconhece os sons que a formam. Esses sons se identificam com a lembrança deles que esta presente em sua memória. Essa lembrança constitui uma verdadeira imagem sonora, armazenada em seu cérebro - é o significante do signo árvore. Ao ouvir essa palavra, você logo pensa num "vegetal lenhoso cujo caule, chamado tronco, só se ramifica bem acima do nível do solo, ao contrário do arbusto, que exibe ramos desde junto ao solo". Esse conceito, que não se refere a um vegetal particular, mas engloba uma ampla gama de vegetais, é o significado do signo árvore - e também se encontra armazenado em seu cérebro.

Ao empregar os signos que formam a nossa língua, você deve obedecer a certas regras de organização que a própria língua lhe oferece. Assim, por exemplo, é perfeitamente possível antepor-se ao signo árvore o signo uma, formando a seqüência "uma árvore". Já a sequência "um árvore" contraria uma regra de organização da língua portuguesa, o que faz com que a rejeitemos. Perceba, pois, que os signos que constituem a língua obedecem a padrões determinados de organização. O conhecimento de uma língua engloba não apenas a identificação de seus signos, mas também o uso adequado de suas regras combinatórias.

Como a língua é um patrimônio social, tanto os signos como as formas de combiná-los são conhecidos e acatados pelos membros da comunidade que a emprega. Individualmente, cada pessoa pode utilizar a língua de seu grupo social de uma maneira particular, personalizada, desenvolvendo assim a fala (não confunda com o ato de falar; ao escrever de forma pessoal e única você também manifesta a sua fala, no sentido científico do termo). Por mais original e criativa que seja, no entanto, sua fala deve estar contida no conjunto mais amplo que é a língua portuguesa; caso contrário, você estará deixando de empregar a nossa língua e não será mais compreendido pelos membros da nossa comunidade.

Estudar a língua portuguesa é tornar-se apto a utilizá-la com eficiência na produção e interpretação dos textos com que se organiza nossa vida social. Por meio desses estudos, amplia-se o exercício de nossa sociabilidade - e, consequentemente, de nossa cidadania, que passa a ser mais lúcida. Ampliam-se também as possibilidades de fruição dos textos, seja pelo simples prazer de saber produzi-los de forma bem-feita, seja pela leitura mais sensível e inteligente dos textos literários. Conhecer bem a língua em que se vive e pensa é investir no ser humano que você é.


Língua: UNIDADE E VARIEDADE.

Vários fatores podem originar variações linguísticas:

a) geográficos - há variações entre as formas que a língua portuguesa assume nas diferentes regiões em que é falada. Basta pensar nas evidentes diferenças entre o modo de falar de um lisboeta e de um carioca, por exemplo, ou na expressão de um gaúcho em contraste com a de um mineiro. Essas variações regionais constituem os falares e os dialetos.

b) sociais - o português empregado pelas pessoas que têm acesso à escola e aos meios de instrução difere do português empregado pelas pessoas privadas de escolaridade. Algumas classes sociais, assim, dominam uma forma de língua que goza de prestígio, enquanto outras são vitimas de preconceito por empregarem formas de língua menos prestigiadas. Cria-se, dessa maneira, uma modalidade de língua - a norma culta -, que deve ser adquirida durante a vida escolar e cujo domínio é solicitado como forma de ascensão profissional e social. O idioma é, portanto, um instrumento de dominação e discriminação social. Também são socialmente condicionadas certas formas de língua que alguns grupos desenvolvem a fim de evitar a compreensão por parte daqueles que não fazem parte do grupo.

O emprego dessas formas de língua proporciona o reconhecimento facil dos integrantes de uma comunidade restrita, seja um grupo de estudantes, seja uma quadrilha de contrabandistas. Assim se formam as gírias, variantes lingüísticas sujeitas a contínuas transformações.

c) profissionais - o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas variantes têm seu uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, médicos, químicos, lingüistas e outros especialistas.

d) situacionais - em diferentes situações comunicativas, um mesmo indivíduo emprega diferentes formas de língua. Basta pensar nas atitudes que assumimos em situações formais (por exemplo, um discurso numa solenidade de formatura e em situações informais (uma conversa descontraída com amigos, por exemplo). A fala e a escrita também implicam profundas diferenças na elaboração de mensagens. A tal ponto chegam essas variações, que acabam surgindo dois códigos distintos, cada qual com suas especificidades: a língua falada e a língua escrita.

A língua literária : Quando o uso da língua abandona as necessidades estritamente práticas do cotidiano comunicativo e passa a incorporar preocupações estéticas, surge a língua literária. Nesse caso, a escolha e a combinação dos elementos lingüísticos, subordinam-se a atividades criadoras e imaginativas. Código e mensagens adquirem uma importância elevada, deslocando o centro de interesse para aquilo que a língua é em detrimento daquilo para que ela serve. Isso ocorre, por exemplo, nos seguintes versos de Fernando Pessoa:

"O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo."

Produzido pelo prof. Eduardo Fernandes Paes, em 15-10-2000.

Estrutura do Texto Narrativo

II- NARRAÇÃO
Narrar é contar um fato, um episódio; todo discurso em que algo é CONTADO possui os seguintes elementos, que fatalmente surgem conforme um fato vai sendo narrado:
A representação acima quer dizer que, todas as vezes que uma história é contada (é NARRADA), o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocorreu o episódio.

É por isso que numa narração predomina a AÇÃO: o texto narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, maioria dos VERBOS que compõem esse tipo de texto são os VERBOS DE AÇÃO (correr, pular, pegar, roubar...etc). O conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de texto recebe o nome de ENREDO.
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas PERSONAGENS, que são justamente as pessoas envolvidas no episódio que está sendo contado ("com quem?" do quadro acima). As personagens são identificadas (= nomeadas) no texto narrativo pelos SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS (João, Roberto, Maria e etc).
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem querer) ele acaba contando "onde" (= em que lugar) as ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre uma ação ou ações é chamado de ESPAÇO, representado no texto pelos ADVÉRBIOS DE LUGAR (em casa, na floresta, na praça, na igreja, na festa e etc).
Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer "quando" ocorreram as ações da história. Esse elemento da narrativa é o TEMPO, representado no texto narrativo através dos tempos verbais, mas principalmente pelos ADVÉRBIOS DE TEMPO (ontem, de manhã, bem cedinho, à noite, e etc.).

É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele que indica ao leitor "como" o fato narrado aconteceu. A história contada, por isso, passa por uma INTRODUÇÃO (parte inicial da história, também chamada de prólogo), pelo DESENVOLVIMENTO do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o "miolo" da narrativa, também chamada de trama) e termina com a CONCLUSÃO da história (é o final ou epílogo). Aquele que conta a história é o NARRADOR, que pode ser PERSONAGEM (narra-se em 1ª pessoa: “EU” / “NÓS”) ou OBSERVADOR (narra-se em 3ª. pessoa: “ELE”/ “ELES”).

Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria história contada.
Tenha uma ótima história!

Estrutura do Texto Descritivo

I - DESCRIÇÃO
Descrever é CARACTERIZAR alguém, alguma coisa ou algum lugar através de características que particularizem o caracterizado em relação aos outros seres da sua espécie. Descrever, portanto, é também particularizar um ser. É "fotografar" com palavras.

No texto descritivo, por isso, os tipos de verbos mais adequados (mais comuns) são os VERBOS DE LIGAÇÃO (SER, ESTAR, PERMANECER, FICAR, CONTINUAR, TER, PARECER, etc.), pois esses tipos de verbos ligam as características - representadas linguisticamente pelos ADJETIVOS - aos seres caracterizados - representados pelos SUBSTANTIVOS.

Ex. O pássaro é azul . 1- O Caracterizado: pássaro / 2 - Caracterizador ou característica: azul / O verbo que liga 1 com 2 : “é” – verbo ser.
Num texto descritivo podem ocorrer tanto caracterizações objetivas (físicas, concretas), quanto subjetivas (aquelas que dependem do ponto de vista de quem descrevem e que se referem às características não-físicas do caracterizado). Ex.: O Jardim está florido (caracterização objetiva). O jardim está triste! (caracterização subjetiva).

Língua Portuguesa com Humor - Para a escrita! Não tem nada a ver com a oralidade, certo?!

1. Vc. deve evitar abrev., etc.

2. Desnecessário faz-se empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado, segundo deve ser do conhecimento inexorável dos copidesques. Tal prática advém de esmero excessivo que beira o exibicionismo narcisístico.

3. Anule aliterações altamente abusivas.

4. não esqueça das maiúsculas no início das frases.

5. Evite lugares-comuns assim como o diabo foge da cruz.

6. O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.

7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.

8. Evite o emprego de gírias, mesmo que sejam maneiras, tá ligado?

9. Palavras de baixo calão podem transformar seu texto numa B...

10. Nunca generalize: generalizar, em todas as situações, sempre é um erro.

11. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.

12. Não abuse das citações. Como costuma dizer meu amigo: "Quem cita os outros não tem idéias próprias".

13. Frases incompletas podem causar

14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez. Em outras palavras, não fique repetindo a mesma idéia.

15. Seja mais ou menos específico.

16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!

17. A voz passiva deve ser evitada.

18. Use a acentuaçao corretamente o ponto e a virgula especialmente será que ninguem sabe mais usar o sinal de interrogação

19. Quem precisa de perguntas retóricas?

20. Conforme recomenda a A.G.O.P.R. nunca use siglas desconhecidas.

21. Exagerar é cem bilhões de vezes pior do que a moderação.

22. Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei!"

23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.

24. Não abuse das exclamações! Nunca!!!!!! Seu texto fica horrível!!!!!!!

25. Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da idéia contida nelas, e, concomitantemente, por conterem mais de uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçando, desta forma, o pobre leitor a separá-la em seus componentes diversos, de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.

26. Cuidado com a hortografia da nossa língüa portuguêza.

27. Seja incisivo e coerente, ou não.

28. Outra barbaridade que tu deves evitar tchê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras! ..Nada de mandar esse trem… vixi... entendeu bichinho?

29. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá agüentar já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar.

Professor João Pedro – Unicamp
(Adaptação: Aline Tamara)

O que é certo e errado na Língua Portuguesa?

É realmente muito difícil agradar a todos. Todos nós, falantes da língua portuguesa, trazemos uma opinião formada sobre o assunto. A verdade é que todos nós, gostando ou não gostando, passamos anos e anos na escola, e, bem ou mal, usamos diariamente a língua portuguesa. Por tudo isso, temos a tendência a nos rebelar sempre que vemos ou ouvimos alguma coisa que vá contra o que um dia aprendemos como certo.
É importante lembrarmos que a normatização da linguagem corresponde, em geral, ao jogo do certo ou errado. Assim sendo, a norma é a regra daquilo que pode ou não ser usado na língua oral ou escrita. O perigo é transformar o conhecimento destas regras num mecanismo para discriminar os que não as dominam.

A norma é a marca do chamado padrão culto da língua, que é apenas uma das variantes lingüísticas. O professor André Valente, em "A Linguagem Nossa de Cada Dia" , afirma: "Não há, em essência, variante lingüística que seja superior a outras. Existe, sim, a que tem mais força e prestígio, a variante dos detentores do poder: da elite (econômica, política ou intelectual)."

Quanto aos gramáticos, é sempre bom lembrar que não há uniformidade de pensamento. Eles próprios não estão de acordo sobre o que significa correção na língua falada ou escrita. Há dois extremos perigosos: o conservador, que toma como padrão os textos considerados clássicos da nossa literatura, e o anárquico, que aceita tudo, que considera a língua um organismo que se desenvolve com total liberdade, abandonando completamente o conceito do certo ou do errado.

Entre o conservador e o anárquico, está o moderado. Eu, por exemplo. E como é difícil ser moderado!

Ser moderado é respeitar a tradição gramatical, quando há consenso entre os estudiosos, e estar com a mente aberta para as novidades, para os novos conceitos. Se a língua é viva, ela evolui, ela se transforma. Radicalizar é perigoso. E é impossível "engessar" qualquer língua.

Sou defensor do conceito da "aceitabilidade", mas tenho total consciên- cia de que é muito difícil estabelecer o que é obrigatório, o que é facultativo, o que é inapropriado, o que é grosseiro, o que é inadmissível...

Vamos ver um exemplo. Na minha opinião, o uso da expressão "a gente" em vez do pronome "nós" é aceitável em qualquer texto coloquial. Na sentença de um juiz, em que a sociedade exige uma linguagem formal, a chamada linguagem "culta ou padrão", o uso de "a gente" seria inapropriado, inadequado. Tão inadequado quanto eu dizer "ela esteve aqui conosco" num bate-papo informal na beira da praia. Como já disse outras vezes, "conosco" na beira da praia mais parece nome de biscoito: "Dá um conosquinho aí".


Prof. Sérgio Nogueira
Responsável pela coluna Língua Viva do Jornal do Brasil

Texto Bem-humorado

Na hora de usar os plurais... tipo assim...

Caros cidadões:
Tenho subido os degrais da escada da vida com umas séries de dificuldades, por isso várias questães ficam martelando minha cabeça.

Uma das principals são as absurdas utilizaçãos errõnicas que fazem da nossa língua pátria na hora de usar os plurals.

São tantas equivocaçães que eu acho que deveria haver puniçãos para os infratores. Multas, advertências. Quero ver se assim esses inútils vão continuar cometendo infraçãos.

Os perfils dos transgressores das regras são sempres os mesmos: indivíduos de ambos os sexos, cors indefinidas, segundos grais incompletos, alturas variáveres entre um metro e meio e uns metros e oitentas.

Seriam as organizaçãos multinacionals as responsáveres por esses erros de utilizaçãos da língua brasileira? Não falo das bobagens escritas, mas da nossa fala cotidiana, dos nossos tropeços nos empregos orals do idioma. Noses, os brasileiros, samos obrigados a engolir goela abaixo umas séries de decisães que interessam a quem?

Qualqueres que sejam as respostas, a verdade é que são decisães difícils de serem assimiladas e precisa haver uma tomada de posiçãos. O governo precisa se mexerem. Temos que ser mais ágils. Só assim sairemos dessas vergonhosas situaçães de vermos o nosso Brasil sempre nas listas dos piores do mundo. São Péssimos desempenhos nas áreas das culturas, dos sociais e das educaçãos. Todo mundo sabe: quanto menas verbas, menores serãos os resultados.

Só tem um jeito de resolver issos: fazer reformas agráricas de verdade e dividir os latifúndios improdutivos entre os coitados das sems-terras. E ainda tem os sems-tetos, os sems-empregos e os sems-dinheiros, que samos a maioria de todos noses.

Comecei a fazer anotaçãos e encontrei mais de mils equívocos em apenas um pequeno universo lingüístico observado. Os principals erros encontrados sãos as concordâncias verbais e o emprego dos plurais.

Seriam os cidadães brasileiros incapazeres de aprender? Será que estamos precisando de atendimentos especiais? Seria o nosso lápi escolar feito de carbono radioativo, com efeitos colaterals? Não sei, não sei. Já estou desconfiando de tudo.

Nossos atletas estão agora se preparando para os jogos olímpicos. Deviam entãos também prepararem os discursos, pois sempre dizem besteira. Sejam quais sejam as falaçãos dos participantes, no fim todos querem mesmo é ganhar medalhas e troféis. Esse negócio de espírito esportivo é conversa pra boi dormir. Sempre hão segundas intençãos.

Combinei um encontro com meu advogado num desses bars que fica no topo de uns arranha-céis no centro da cidade. Cheguei atrasado, pois alguém havia furado os pneis do meu carro. Desconfio dos cãos de guarda do meu vizinho, uns animals terríveres. Pedimos dois pastels e duas Pepses e ficamos ali, nós os doises, discutindo o problema. Ele acha que eu estou tendo visãos. Que isso é culpa dos stresseres do dia a dia, típico de pessoas que vivem com os coraçãos disparados. Você também acha que isso não passa de alucinaçãos? Pois não sãos alucinaçães. São coisas reals.

Fiz questão de levar o assunto até o fim e resolvi entrar com dois processos judiciais. Um por perdas, outro por danos. No dia da audiência o juiz apontou para mim, com seus dedos cheios de anels. O juiz é um sujeito singular, só faia no plural. O plural majestático.

Pedi então a Sua Excelência que me explicasse as leies da língua pátria. Ele respondeu:

- Os plurais são fácils: uma xícara, duas xícaras. Um pir, dois pires. Um pão, dois pães. Uma mão, duas mães. Um mamão, dois mamães. Não tem erro. Os bons e os maus, os bens e os mais. E continuou: - Certos pôvos mais antigos têm línguas complicadas, como os alemões, os turquianos, os groenlândios, os coreanenses e os amsterdinos. Aqui no Brasil, se você abrir os ôlhos, a coisa é simple. Letra S no final de uma palavra significa que ela não está no singular. Como é o nosso caso. Nós nos chamamos Régis, somos um cara plural.

Não agüentei. Levantei e fui embora. Um Regi, dois Régis!?! Nessas ocasiãos, o melhor a fazer é ficar quieto e nos recolhermos às nossas insignificâncias. Depois dessa, decidi voltar a estudar o Portuguê. Ou será os Português?


(Retirado do livro "Tipo Assim", de Kledir Ramil)

Educação

Todo dia é dia do professor

THEODORO PETERS,S.J.

A sociedade criou um dia para homenagear e reconhecer o magistério para a formação de capital humano de qualidade, mas, na verdade, todo dia é dia do professor. Apoiar a formação da juventude, suscitar interesse, motivando o ato de aprender, de pesquisar, de dar as razões aos procedimentos próprios e alheios - dos seres humanos e de toda a natureza - é o dia-a-dia do mestre. Mestre é quem alarga horizontes, permitindo o ato de formar-se a cada pessoa com quem se relaciona.

O ato de aprender inicia-se no regaço materno, no aconchego do lar, no templo da vida. A família gera vida, conserva a vida, educa para a vida, mas necessita de especialistas preparados para apoiarem o amoldamento das personalidades, o desabrochar das vocações e tendências naturais de cada criança e de cada jovem. Gradualmente, a criança é apoiada na atualização de todo seu potencial de raciocínio, de julgamento, de percepção de seus limites e de como ultrapassá-los.

Delega-se ao mestre a função de, dando a mão ao jovem, conduzi-lo com segurança à descoberta da verdade e à sua verbalização. O jovem vai descobrindo as várias perspectivas entre a ciência, a crença, a reação instintiva, a racionalização dos sentimentos, o domínio da vontade, a exigência dos próprios caprichos. Na elaboração da escala de valores exercida pelo despertar de sua consciência crítica, ele necessita de apoio, de sustentação de seu próprio referencial. Assim se revela o magistério como a mão dupla do que ajuda a refletir, a ponderar e do que, por sua vez, é ajudado a refletir e a ponderar. Mestre e discípulo crescem juntos na construção da sabedoria de viver, referenciada pela evidência objetiva nas diversas metodologias do conhecimento, na verbalização oral e escrita do que foi descoberto, criado. Crescimento recíproco. Ninguém pára na pista, caminha-se sempre, renovando a juventude, estimulando a maturidade adulta para a opção pelo bem comum, pela cidadania compartilhada, renovando a vida de todos.

O mestre conduz para a vida, abrindo perspectivas infindáveis, apoiando a realização dos sonhos, a configuração dos projetos. O mestre interage no espetáculo da vida, que aspira à plenitude, ao rompimento de limites, à comunhão eterna, a partir da vida diária. Ser mestre é sinalizar para a vida de melhor qualidade, de plena realização, de concretização dos passos para a felicidade com Deus.

Parabéns, mestres, docentes, pesquisadores, auxiliares técnicos e administrativos de ensino, pais e mães. Alegrem-se na árdua e nobre missão confiada.


[Theodoro Peters,S.J. é reitor da Unicap]

Dicas para escrever bem!

1. Escreva muito.
2. Leia muito.
3. Agende um horário para você escrever.
4. Procure comunidades de outros escritores.
5. Para textos com muitas páginas, um esboço é fundamental.
6. Não desista logo de uma idéia que não está funcionando. Faça ela funcionar!
7. Sempre leve consigo um bloquinho de notas.
8. Seja liberal com seus rascunhos. Escreva o que quiser e se forem numerosos, numere-os.
9. Reduza, reuse, recicle.
10. Guarde sempre uma cópia do seu trabalho.
11. Se você está escrevendo sobre fatos, salve e organize suas citações.
12. Bons escritores nunca estão plenamente satisfeitos com seus textos.
13. Se entitule “escritor”.