quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ao invés de ou Em vez de????

Muita dúvida surge no emprego de “ao invés”, “invés” ou “em vez de” e é comum, uma vez que são muito semelhantes na grafia e também no significado.

Primeiramente, o termo “invés” é substantivo e variante de “inverso” e significa “lado oposto”, “avesso". Na expressão “ao invés”, o substantivo “invés” continua com o mesmo significado, contudo, é utilizada para indicar oposição a algo ou alguma coisa e, portanto, significa “ao contrário de”. Geralmente vem acompanhada da preposição “de”.

Observe:

A empresa de cobrança ao invés de enviar o boleto, optou pelo débito em conta.

Ao invés de protestar seu nome, conceder-lhe-ei uma nova chance.

O termo “invés” é substantivo e variante de “inverso” e significa “lado oposto”, “avesso".

Já a expressão “em vez de” é mais empregada com o significado de “em lugar de”, porém, pode significar “ao invés de”, “ao contrário de”. Observe:

A menina assistiu à TV em vez de filme. ( não poderá ser usado “ao invés de”, pois não há oposição de termos).

A professora, em vez de diminuir a nota do aluno, aumentou-a (a expressão “em vez de” poderia ser substituída por “ao invés de”, pois temos termos contrários “diminuir” e “aumentou”).

Se “em vez de” pode significar “ao invés de”, como poderemos identificar o emprego de ambas as expressões?

A expressão de “em vez de” pode ser empregada em múltiplas circunstâncias, desde que seus significados sejam mantidos. Já “ao invés de” poderá ser aplicada somente quando há termos que indicam oposição na frase, significando “ao inverso de”.

Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Cacofonia

Cacofonia, cacófato ou cacófaton, é o nome que se dá a sons desagradáveis ao ouvido formados muitas vezes pela combinação de palavras, que ao serem pronunciadas podem dar um sentido pejorativo, obsceno ou mesmo engraçado, como: por cada, boca dela, vou-me já, ela tinha, como as concebo e essa fada.

A cacofonia pode constituir-se em um dos chamados vícios de linguagem, e devem ser evitados, tanto na linguagem coloquial quanto na escrita.

Exemplos:

Você viu a boca dela? (cadela?)

Meu coração por ti gela! (tigela?)

Ganho dez mil cruzeiros por cada serviço. (porcada?)

Vou-me já! uhauauahauauahuauhuhahuauha

Os atores Leandro Hassum e Marcius Melhem no espetáculo "Nóis na Fita" demonstram as falhas da língua em meio a trocadilhos! Vejam que há muitos cacófatos na brincadeira também!
Curtam: NNF - Trocadilhos
http://www.youtube.com/watch?v=9mqPDvxKxCI

Abraços!

Ortoepia ou ortoépia e Prosódia

Formado por elementos gregos(orto, "correto"; epos, "palavra"), ortoepia ou ortoépia é o nome que designa a parte da fonologia que cuida da correta produção oral das palavras. Colocamos abaixo uma relação que você deve ler cuidadosamente em voz alta: lembre-se de que estamos falando de pronunciar essas palavras de acordo com o padrão culto da língua portuguesa, importante para você comunicar-se apropriadamente em vários momentos de sua vida.

A ortoépia ou ortoepia trata da pronúncia correta das palavras. Quando as palavras são pronunciadas incorretamente, comete-se cacoépia.
É comum encontrarmos erros de ortoépia na linguagem popular.

Alguns exemplos de cacoépia:

- “guspe” em vez de cuspe.
- “adevogado” em vez de advogado.
- “estrupo” em vez de estupro.
- “cardeneta” em vez de caderneta.
- “peneu” em vez de pneu.
- “abóbra” em vez de abóbora.
- “prostar” em vez de prostrar.
- "mortandela" em vez de mortadela.
- "escuma" em vez de espuma.
- "bassoura" em vez de vassoura.
- "dismunuir" em vez de diminuir.
- "poblema" ou "pobrema" em vez de problema.

outros exemplos:

- "aterrisagem" em vez de aterrissagem
- "advinhar" em vez de adivinhar
- "bandeija" em vez de bandeja
- "beneficiente" em vez de beneficente
- "beneficiência" em vez de beneficência
- "cabeçario" em vez de cabeçalho
- "cabelereiro" em vez de cabeleireiro
- "carangueijo" em vez de caranguejo
- "cataclisma" em vez de cataclismo
- "desinteria" em vez de disenteria
- "impecilho" em vez de empecilho
- "largatixa" em vez de lagartixa
- "largato" em vez de lagarto
- "mendingo" em vez de mendigo
- "meterologia" em vez de meteorologia
- "prazeiroso" em vez de prazeroso
- "previlégio" em vez de privilégio
- "tiróide" em vez de tireóide
- "cravícula" em vez de clavícula

A prosódia trata da correta acentuação tônica das palavras. Cometer erro de prosódia é transformar uma palavra paroxítona em oxítona, ou uma proparoxítona em paroxítona etc.

- “rúbrica” em vez de rubrica.
- “sútil” em vez de sutil.
- “côndor” em vez de condor.

Outros exemplos:

ACRÓBATA / ACROBATA: esta palavra, COMO MUITAS OUTRAS DE NOSSA lÍNGUA, admite as duas pronúncias: acróbata, com ênfase na sílaba "cró", ou acrobata, com força na sílaba "ba". Também é indiferente dizer Oceânia ou Oceania, transístor ou transistor (com força na sílaba "tor", com o "ô" fechado).

ALGOZ: (carrasco): palavra oxítona, cuja pronúncia do "o" deve ser fechada (algôz, = arroz).

AUTÓPSIA / NECROPSIA: apesar de autópsia ter como vogal tônica o "ó", a forma necropsia, que possui o mesmo significado, deve ser pronunciada com ênfase no "i".

AZÁLEA / AZALÉIA: segundo os melhores dicionários, estas duas formas são aceitáveis;

AVARO: (indivíduo muito apegado ao dinheiro): deve ser pronunciada como paroxítona (acento tônico na sílaba va), e por terminar em "o", não deve ser acentuada.

BOÊMIA: de origem francesa, relativa à cidade de Boéme, esta palavra tem sua sílaba forte no "ê", e não no "mi".

CARÁTER: paroxítona que apresenta o plural caracteres, tendo o acréscimo da letra "c", e o deslocamento do acento tônico da sílaba "ra" para a sílaba "te", sem o emprego de acento gráfico.

CATETER, MISTER e URETER: Todas possuindo sua acentuação tônica na última sílaba (tér), sendo assim oxítonas.

CHICLETE / CHOPE / CLIPE / DROPE: quando se referindo a uma só unidade de cada um destes produtos, deve-se falar "um chiclete, um chope, um clipe, um drope", e não "um chicletes, um chopes, um clipes, um dropes". Existe, ainda, a variante "chiclé" (um chiclé, dois chiclés).

CUPIDO e CÚPIDO: a primeira forma (paroxítona e sem acento) significa o deus alado do amor; a segunda (proparoxítona) tem o sentido de ávido de dinheiro, ambicioso, também pode ser usada como possuído de desejos amorosos.

EXTINGUIR: a sílaba "guir" desta palavra deve ser pronunciada como nas palavras "perseguir", "seguir", "conseguir". Isso também vale para "distinguir".

FLUIDO: pronuncia-se como a forma verbal "cuido", verbo cuidar (com força no u). Assim também GRATUITO, CIRCUITO, INTUITO, fortuito. No entanto, o particípio do verbo fluir é "fluído", acontecendo aqui um hiato, onde a vogal tônica agora passa a ser o "í".

IBERO: Pronuncia-se como paroxítona (ênfase na sílaba BE, IBÉRO).

INEXORÁVEL: (= austero, rígido, inabalável...): esse "x" lê-se como os de exemplo, exame, exato, exercício, isto é, com o som de "z".

LÁTEX: tendo seu acento tônico na penúltima sílaba e terminando com a letra x, é uma palavra paroxítona, e como tal deve ser pronunciada e acentuada.

MAQUINARIA: o acento tônico deve recair na sílaba "ri", e não sobre a sílaba "na".

NÉON: muitos dicionários apresentam esta palavra como paroxítona, sendo acentuada por terminar em "n"; no entanto, o dicionário Michaelis Melhoramentos, recentemente editado, traz as duas grafias: néon (paroxítona) e neon (oxítona).

NOVEL e NOBEL: palavras oxítonas que não devem ser acentuadas.

OBESO: palavra paroxítona que deve ser pronunciada com o "e" aberto (obéso). Também são abertos o "e" de outras paroxítonas como "coeso" (coéso), "obsoleto" (obsoléto), o "o" de "dolo" (dólo), o "e" de "extra" (éxtra) e o "e" de "blefe" (bléfe). Apresentam-se, porém, fechados o "e" de "nesga" (nêsga), o de "destro" (dêstro), e o "o" "torpe" (tôrpe).

OPTAR: ao se conjugar este verbo na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, deve-se pronunciar "ópto", e não "opito". Assim também em relação às formas verbais "capto, adapto, rapto" - todas com força na sílaba que vem antes do "p".

PROJÉTIL / PROJETIL: ambas as formas têm o mesmo significado, apesar de a primeira ser paroxítona e a segunda oxítona. Plurais: PROJÉTEIS / PROJETIS.

PUDICO: (aquele que tem pudor, envergonhado): palavra paroxítona (ênfase na sílaba "di").

RECORDE: deve ser pronunciada como paroxítona (recórde).

RÉPTIL / REPTIL: mesmo caso da palavra PROJÉTIL. Plurais. RÉPTEIS / REPTIS.

RUBRICA: palavra paroxítona, e não proparoxítona como se costuma pensar (ênfase na sílaba "bri").

RUIM: palavra oxítona (ruím).

RUPIA / RÚPIA: a primeira forma se refere à moeda utilizada na Indonésia (força no "i") e a segunda é relativa a uma planta aquática (com ênfase no "ú").

SUBSÍDIOS: a pronúncia correta é com som de "ss", e não "z" (subssídios).

SUTIL e SÚTIL: a primeira forma, sendo oxítona, significa "tênue, delicado, hábil"; a segunda, paroxítona, significa "tudo aquilo que é composto de pedaços costurados".

TÓXICO: pronuncia-se com o som de "cs" = tócsico.

Por: Aline Tamara de Oliveira Silvoni
Professora tutora Especialista Língua Portuguesa e Literatura

Por: Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura

Por: Eduardo Fernandes Paes

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Literatura Grega

O site pertence ao Dr. Wilson Alves Ribeiro Jr.
Médico, Mestre em Letras Clássicas pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (2006). Doutorando (2007- ) da mesma instituição. Pesquisador independente. Membro do Grupo de Pesquisa "Estudos sobre o Teatro Antigo" da USP.

SBEC
Atividades junto à Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos:

•Coorinfeu (coordenador de informações), 2003- ;
•Secretário Regional (antiga SE2), 2000-2003;
•co-Editor da revista CLASSICA, 2004-2010;
•Secretário Geral, 2006-2007 e 2008-2009;
•Tesoureiro, 2010-2011.
Linhas de pesquisa
Língua e literatura grega, teatro grego, Eurípides, mitologia grega, medicina antiga e Hipócrates.

CVRRICVLVM VITAE
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E-books « Café Filosófico

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LÍNGUA - CONCEITOS BÁSICOS

Prof. Pasquale Cipro Neto

Na origem de toda a atividade comunicativa do ser humano, está a linguagem, que é a capacidade de se comunicar por meio de uma língua. Língua é um sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma mesma comunidade. Em outras palavras: um grupo social convenciona e utiliza um conjunto organizado de elementos representativos.

Um signo lingúístico é um elemento representativo que apresenta dois aspectos: um significante e um significado, unidos num todo indissolúvel. Ao ouvir a palavra árvore, você reconhece os sons que a formam. Esses sons se identificam com a lembrança deles que esta presente em sua memória. Essa lembrança constitui uma verdadeira imagem sonora, armazenada em seu cérebro - é o significante do signo árvore. Ao ouvir essa palavra, você logo pensa num "vegetal lenhoso cujo caule, chamado tronco, só se ramifica bem acima do nível do solo, ao contrário do arbusto, que exibe ramos desde junto ao solo". Esse conceito, que não se refere a um vegetal particular, mas engloba uma ampla gama de vegetais, é o significado do signo árvore - e também se encontra armazenado em seu cérebro.

Ao empregar os signos que formam a nossa língua, você deve obedecer a certas regras de organização que a própria língua lhe oferece. Assim, por exemplo, é perfeitamente possível antepor-se ao signo árvore o signo uma, formando a seqüência "uma árvore". Já a sequência "um árvore" contraria uma regra de organização da língua portuguesa, o que faz com que a rejeitemos. Perceba, pois, que os signos que constituem a língua obedecem a padrões determinados de organização. O conhecimento de uma língua engloba não apenas a identificação de seus signos, mas também o uso adequado de suas regras combinatórias.

Como a língua é um patrimônio social, tanto os signos como as formas de combiná-los são conhecidos e acatados pelos membros da comunidade que a emprega. Individualmente, cada pessoa pode utilizar a língua de seu grupo social de uma maneira particular, personalizada, desenvolvendo assim a fala (não confunda com o ato de falar; ao escrever de forma pessoal e única você também manifesta a sua fala, no sentido científico do termo). Por mais original e criativa que seja, no entanto, sua fala deve estar contida no conjunto mais amplo que é a língua portuguesa; caso contrário, você estará deixando de empregar a nossa língua e não será mais compreendido pelos membros da nossa comunidade.

Estudar a língua portuguesa é tornar-se apto a utilizá-la com eficiência na produção e interpretação dos textos com que se organiza nossa vida social. Por meio desses estudos, amplia-se o exercício de nossa sociabilidade - e, consequentemente, de nossa cidadania, que passa a ser mais lúcida. Ampliam-se também as possibilidades de fruição dos textos, seja pelo simples prazer de saber produzi-los de forma bem-feita, seja pela leitura mais sensível e inteligente dos textos literários. Conhecer bem a língua em que se vive e pensa é investir no ser humano que você é.


Língua: UNIDADE E VARIEDADE.

Vários fatores podem originar variações linguísticas:

a) geográficos - há variações entre as formas que a língua portuguesa assume nas diferentes regiões em que é falada. Basta pensar nas evidentes diferenças entre o modo de falar de um lisboeta e de um carioca, por exemplo, ou na expressão de um gaúcho em contraste com a de um mineiro. Essas variações regionais constituem os falares e os dialetos.

b) sociais - o português empregado pelas pessoas que têm acesso à escola e aos meios de instrução difere do português empregado pelas pessoas privadas de escolaridade. Algumas classes sociais, assim, dominam uma forma de língua que goza de prestígio, enquanto outras são vitimas de preconceito por empregarem formas de língua menos prestigiadas. Cria-se, dessa maneira, uma modalidade de língua - a norma culta -, que deve ser adquirida durante a vida escolar e cujo domínio é solicitado como forma de ascensão profissional e social. O idioma é, portanto, um instrumento de dominação e discriminação social. Também são socialmente condicionadas certas formas de língua que alguns grupos desenvolvem a fim de evitar a compreensão por parte daqueles que não fazem parte do grupo.

O emprego dessas formas de língua proporciona o reconhecimento facil dos integrantes de uma comunidade restrita, seja um grupo de estudantes, seja uma quadrilha de contrabandistas. Assim se formam as gírias, variantes lingüísticas sujeitas a contínuas transformações.

c) profissionais - o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas variantes têm seu uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, médicos, químicos, lingüistas e outros especialistas.

d) situacionais - em diferentes situações comunicativas, um mesmo indivíduo emprega diferentes formas de língua. Basta pensar nas atitudes que assumimos em situações formais (por exemplo, um discurso numa solenidade de formatura e em situações informais (uma conversa descontraída com amigos, por exemplo). A fala e a escrita também implicam profundas diferenças na elaboração de mensagens. A tal ponto chegam essas variações, que acabam surgindo dois códigos distintos, cada qual com suas especificidades: a língua falada e a língua escrita.

A língua literária : Quando o uso da língua abandona as necessidades estritamente práticas do cotidiano comunicativo e passa a incorporar preocupações estéticas, surge a língua literária. Nesse caso, a escolha e a combinação dos elementos lingüísticos, subordinam-se a atividades criadoras e imaginativas. Código e mensagens adquirem uma importância elevada, deslocando o centro de interesse para aquilo que a língua é em detrimento daquilo para que ela serve. Isso ocorre, por exemplo, nos seguintes versos de Fernando Pessoa:

"O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo."

Produzido pelo prof. Eduardo Fernandes Paes, em 15-10-2000.